Votorantim Cimentos reduz emissões de CO2 usando caroço de açaí como fonte de energia

Fábrica da empresa em Primavera, no Pará, aposta em combustível alternativo

Por Conexão Construção 24/05/2023 - 20:22 hs
Foto: Votorantim Cimentos
Votorantim Cimentos reduz emissões de CO2 usando caroço de açaí como fonte de energia
Coprocessamento de caroço de açaí é realizado no Pará desde a inauguração da fábrica de Primavera

A indústria brasileira do cimento é reconhecida mundialmente pelos avanços significativos na redução da pegada ambiental e contribuição com as metas globais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS).

Em 25 de maio, quando se comemora o Dia Nacional da Indústria, o tema ganha ainda mais relevância, pois o setor tem como compromisso avançar em iniciativas que reduzam suas emissões de carbono (CO2) e os desafios climáticos do planeta. 

A indústria do cimento é responsável por 7% de todo o CO2 emitido pela ação humana no mundo. Já no Brasil, a participação do setor é de 2,3% - cerca de um terço da média mundial segundo Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases Efeito Estufa não Controladas pelo Protocolo de Montreal.

A Votorantim Cimentos, empresa de materiais de construção e soluções sustentáveis, é um exemplo de indústria do setor que tem avançado em suas metas de descarbonização. Entre 1990 e 2022, a empresa reduziu 24% as emissões de CO2 por tonelada de cimento produzido no mundo. Uma das principais alavancas para esse resultado é o coprocessamento, uma tecnologia que substituiu o combustível fóssil por outros materiais, como resíduos e biomassas, em fornos para produção de cimento.

No Brasil, no ano passado, 31,3% do combustível utilizado pela Votorantim Cimentos em suas fábricas foram de origem alternativa, como resíduos e biomassas. A empresa também realizou investimento de R$ 27 milhões para modernizar suas fábricas no país e viabilizar o aumento do coprocessamento. Em 2022, a empresa utilizou 1,3 milhão de toneladas de resíduos e biomassas nas operações brasileiras – registrando um crescimento de 20% em relação a 2021, quando foram coprocessados 1,1 milhão toneladas.

No Pará, a fábrica de Primavera da Votorantim Cimentos é tem contribuído para esses avanços com o uso de combustíveis alternativos. Desde 2016, a unidade substitui parte do coque de petróleo, importado dos Estados Unidos, pelo caroço de açaí, fruto de planta nativa da região. Como a polpa possui alto valor energético e é amplamente consumida na região e no país, o caroço é descartado. Porém, ele corresponde a 80% do volume do fruto e tradicionalmente ficava sem uma destinação correta para o meio ambiente. 

Assim, ao invés de ser enviado para aterros ou simplesmente descartados de maneira inadequada, o que gera enormes quantidades de rejeito, o caroço do açaí serve como fonte de energia para o forno da indústria em Primavera. 

“Hoje transformamos esse caroço em fonte de energia limpa para o forno de Primavera. Com esse projeto de economia circular cada vez mais consolidado, geramos inclusão, desenvolvimento social, econômico e ambiental na região. Os avanços registrados reforçam nossos esforços contínuos em relação à agenda de neutralidade de carbono”, explica o gerente de fábrica da Votorantim Cimentos de Primavera, Rodrigo Cavassin da Silva Telles.

Jornada de descarbonização

A estratégia de descarbonização da Votorantim Cimentos está pautada em quatro grandes pilares: o coprocessamento, que é a substituição do combustível fóssil nos fornos de produção do cimento por outros materiais; o uso de cimentícios, que é a substituição do clínquer - o principal responsável pela emissão de CO2 no processo produtivo de cimento – por subprodutos vindos de outras indústrias; a eficiência energética e uso de fontes renováveis de energia, com hidrelétricas próprias e investimentos em energia solar e eólica; e o desenvolvimento de tecnologias, uso de processos inovadores, novos materiais, captura, uso e armazenamento de carbono, desmaterialização da cadeia de valor, parcerias com diversas entidades e academia para, cada vez mais, otimizar os recursos e reduzir a intensidade do carbono.

Em 2022, a Votorantim Cimentos registrou resultado global de emissões de 579 kg de CO2 por tonelada de cimento produzido, uma redução de 3% na comparação com 2021. Já a taxa de substituição térmica, por meio do coprocessamento, foi de 26,5%. O índice reflete o aumento na utilização de combustíveis alternativos, principalmente resíduos e biomassas, que substituem o combustível fóssil nos fornos de produção de cimento. No ano anterior, a empresa obteve um percentual de 22,4% de substituição térmica e para 2030 a meta é atingir o índice de 53%. 


Parte do coque de petróleo, importado dos Estados Unidos, é substituído pelo caroço de açaí no forno que produz cimento (foto Votorantim Cimentos/Divulgação)